Há quem diga que a provocação é a base do que se define arte, afinal, é dela a capacidade de despertar (ou provocar) diferentes sensações de acordo com a bagagem cultural do espectador. Essa estranheza diante do desconhecido - ou do que foge à nossa história, crenças, construções culturais e ao ideal de beleza a que estamos habituados - é o resultado de sua conexão às nossas emoções mais profundas que permite desenvolver o senso estético e o conceito de valor.
As máscaras africanas e todas as sutilezas que compõem seus valores históricos e artísticos é um destes encontros provocadores, cuja junção de inúmeros detalhes em estéticas que não são compreensíveis com superficialidade roubam a cena na decoração para revelar a pluralidade dos grupos étnicos africanos e a multiplicidade de simbologias espirituais atreladas ao mascaramento.
Máscaras africanas são artes expressivas que relevam a diversidade cultural da África.
São artefatos que pertencem a cultura material da humanidade desde a Idade da Pedra, cuja peça mais antiga, composta por arenito, foi encontrada na Cisjordânia e data 9000 a.C.. As máscaras da cultura africana, em especial, mesclam artes plásticas e arte performance com inteireza por serem tradicionalmente utilizadas junto a músicas e danças ritualísticas em cerimônias que conectam a tribo à natureza e ao sobrenatural.
As máscaras costuram nas finalidades cerimoniais (casamento, nascimento e iniciações) e ritualísticas (fúnebres, de cura, para colheita e espirituais) uma série valores místicos ancestrais e particularidades estéticas do continente africano. Não é de se surpreender que apresentam traços antropomorfos e zoomorfos, individualmente ou combinados, simbolizando poder - tais como chifres, cristas, esculturas humanas ou de animais e a distorção de elementos da face humana (boca, nariz e olhos) conforme a imagem de um animal.
Cada máscara é desenvolvida por um propósito ritualístico que reflete em sua estética.
As máscaras decorativas também exaltam em pinturas artísticas com tons terrosos, nas escarificações das faces e nos entalhes de penteados elaborados - ora substituídos por adornos com artigos têxteis trançados ou coordenados com contas de materiais naturais - os ideais de beleza das tribos africanas e os papeis sociais das mulheres.
É através dessa junção de elementos estilísticos e espirituais que a identidade e o poder do espírito ancestral (ou ser sobrenatural) são definidos para serem incorporados pelo dançarino em estado de transe durante as celebrações. E embora muitas tradições tribais como esta tenham sido substituídas por crenças espirituais eurocêntricas decorrentes à transferência cultural dos processos de colonização, a essência da ancestralidade é passada de geração a geração e transmitida para todo o mundo por intermédio da arte decorativa.
As escarificações na estética das máscaras exaltam o ideal de beleza da tribo africana.
Muitas tribos africanas agregaram o mascaramento às tradições culturais, sobretudo nas regiões da África Ocidental e Central. A primeira é representada por países como Guiné-Bissau, Costa do Marfim e Nigéria por meio das tribos Guro e Yaure (subgrupos do povo Baule), Ibibio, Igbo, Yoruba e Ogoni. A segunda região se faz presente através de países como Angola, Congo e Gabão com as respectivas tribos Chokwe, Bakongo, Songye, Fang e Punu.
Entre os tipos de máscaras mais comuns às etnias africanas estão a facial, fixada à face; a de capacete, que envolve a cabeça; a de testa, utilizada no topo da cabeça deixando o rosto coberto por uma extensão em tecido; a de crista, que deixa todo o rosto visível e a de ombro, que veste a parte superior do corpo.
Yaure, Igbo, Yoruba e Fang são algumas tribos que incorporaram máscaras às tradições.
Assim como o uso e o propósito, a criação da máscara tem forte ligação com a espiritualidade. Técnicas de escultura tradicionais são atreladas ao conhecimento espiritual e um profundo respeito a tudo que existe na natureza para honrar o divino de suas essências e, consequentemente, transferir seus poderes para a máscara africana. Nesse âmbito, a posição do artesão é extremamente respeitada, cabendo-lhe a sensibilidade de escolher os materiais com as energias adequadas a cada finalidade.
Grande parte das máscaras são fabricadas na atualidade apenas com caráter decorativo destinadas a fomentar o comércio turístico africano e enriquecer a decoração de interiores expondo o alcance do artesanato e sua capacidade de sustentar na materialidade o valor cultural e histórico de uma tribo.
A combinação de máscaras com artes étnicas exaltam o estilo rústico na decoração.
Apesar da singularidade da estética étnica que louva a ancestralidade tribal, o estilo rústico das máscaras de parede favorece a coordenação com outros estilos decorativos e cria a sensação de acolhimento no ambiente, principalmente se combinadas a outros elementos com esta estética como cestarias, móveis artesanais, tapeçarias étnicas e colares decorativos.
Seja na decoração de parede formando pequenas galerias que enaltecem a memória cultural das tribos ou nos interiores exibindo a multiplicidade simbólica que integra a cultura material africana, as máscaras tribais de nossa loja virtual celebram a beleza da história e de tudo o que nos faz transcender velhos conceitos que honradamente chamamos de arte.
Namastê!
Milene Sousa - Arte & Sintonia
1 comentário
Tenho uma boa quantidade de máscaras africanas, colecionadas por décadas, qmue gostaria de vender.
Ineressa a vicês?
Jorge