A beleza imponente do elefante e os inúmeros atributos auspiciosos associados à sua imagem efetivam sua presença e importância na arte decorativa, sobretudo quando personifica o deus hindu Ganesha.
Historicamente, este mamífero de grande porte sempre foi sinônimo de proteção e força na cultura asiática. E era utilizado para fins bélicos e comerciais, como o transporte de cargas. Contudo, a capacidade de atrair sorte, sabedoria e prosperidade que caracterizam sua simbologia espiritual o tornaram um animal extremamente venerado para além de suas capacidades físicas.
Segundo o Feng Shui, o elefante é um elemento harmônico para a decoração.
Segundo os Puranas - antigos textos da literatura sagrada do hinduísmo e jainismo que narram a história do universo -, Ganesha é filho de Shiva, deus da destruição e regeneração, e Parvati, deusa do amor e fertilidade.
Sua história se inicia com o retorno de Shiva após um longo retiro meditativo - período em que Parvati deu à luz. Desconhecendo o nascimento do filho, Shiva se deparou com o menino protegendo a casa de banho de Parvati, impedindo sua entrada.
Ganesha é o Senhor da Boa Fortuna e atrai prosperidade através de sua imagem.
Irritado, Shiva convocou seus bhutaganas (demônios) e juntos lutaram com Ganesha, que resistiu bravamente. No entanto, o deus Vishnu interveio sob a forma de Maya, distraindo Ganesha e dando condições para Shiva cortar-lhe a cabeça. Ao sair do banho, Parvati esclareceu a existência do menino fazendo-o se arrepender e buscar uma nova cabeça.
O elefante foi o primeiro animal encontrado e, dada sua relevância e simbologia sagrada, sua cabeça foi a escolhida. Shiva também intercedeu pela vida de Ganesha aos deuses Brahma e Vishnu, que lhe transformaram em um dos mais adorados deuses hindus.
Para invocar a sabedoria de Ganesha entoa-se o mantra Om.
A iconografia que constitui a imagem de Ganesha varia conforme a interpretação do artista, mas cada detalhe atribuído é rico de significações espirituais. A cabeça de elefante, por exemplo, representa sabedoria e o conhecimento obtido através da escuta e reflexão - não obstante é considerado patrono das ciências, artes e letras.
A barriga avantajada, em especial, tanto exprime generosidade e aceitação como também configura o cosmos. Nas caracterizações mais tradicionais apresenta a Kundalini (serpente ou fio energético sagrado que equilibra os chakras) amarrada nesta região.
A presença de Ganesha no ambiente assegura proteção divina na adversidades.
O abhaya mudra, gesto de proteção e destemor; o símbolo do mantra Om; os laddus (doces indianos); a figura do deus Kroncha (rato), enquanto vahana (veículo) de Ganesha; assim como a presa quebrada (ekadanta), demonstrando sacrifício e devoção são outros elementos significativos que podem figurar sua imagem na arte decorativa.
Tanto a representação do deus Ganesha quanto a utilização do elefante na decoração suscita boas energias, sendo vistos como figuras harmônicas para o Feng Shui - arte milenar que analisa a energia vital nos ambientes.
Assim como o Muladhara a barriga de Ganesha simboliza o cosmos e a força divina.
Para cada tipo de ambiente e propósito há uma categoria de arte que corresponda de forma equilibrada, como esculturas, fontes luminosas, máscaras, pinturas, incensários, mandalas, caixas, banquetas, painéis, capas de almofada e móbiles.
Incorporá-los à decoração em pontos-chave de circulação energética como portas, janelas e jardins são as maneiras mais eficazes de alcançar a essência afortunada dos elefantes decorativos e a capacidade removedora de obstáculos de Ganesha.
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Namastê!
Milene Sousa - Arte & Sintonia