É automático mentalizar tribos indígenas norte-americanas (First Nations) ou artigos esotéricos quando o tema xamanismo entra em cena. E embora façam parte da trajetória e da prática xamanística, esta religião ou conjunto de práticas espirituais é muito mais ampla e se faz presente em crenças e rituais de diferentes culturas no mundo, sobretudo as indígenas, exaltando o conceito animista de que tudo possui alma e está interligado.
O termo xamã descrito na antropologia exprime uma complexa junção de crenças e práticas (como cura e purificação) que envolvem magia, adivinhação e conexão espiritual por intermédio de um indivíduo que, dentro da cultura que faz parte, recebeu um chamado e dedicou a vida no auto-aperfeiçoamento da espiritualidade. Seu contato com a ancestralidade ou o Grande Espírito ocorre em visões durante transes, meditações e viagens astrais intermediadas por elementos naturais como penas, sementes, madeira, fibras de plantas.
O xamanismo da atualidade, neo-xamanismo ou xamanismo moderno, se desvia da tradição original por não ter mais o mesmo ambiente, no entanto, incorpora no cotidiano das grandes cidades a essência dos rituais xamânicos e o poder dos xamãs por meio de instrumentos, têxteis e esculturas de animais sagrados transformando a decoração de interiores na chave para acessar o mundo espiritual, nos ambientes internos da sua casa ou externos como o jardim.
Instrumentos musicais de percussão
Tambores e chocalhos são os instrumentos mais tradicionais para entrar no EXC.
A música e a dança são totalmente integradas aos rituais e práticas xamânicas originais dos povos indígenas. Segundo o arqueólogo Michael Harner no livro “O caminho do xamã: um guia para poder e cura”, instrumentos de percussão como tambores e chocalhos constituem os instrumentos básicos para entrar no estado xamânico de consciência (EXC), uma vez que o estímulo rítmico altera o sistema nervoso central estimulando a área sensorial.
O tambor de quadro e o chocalho maracá feitos com madeira, couro, fibras naturais e sementes são os instrumentos musicais mais comuns no xamanismo atual, enquanto instrumentos artesanais como o tambor africano djembê e a pandeirola meia lua inspiram-se nos sons tradicionais para promover um ritmo diferenciado, além de decorar espaços místicos com personalidade através do estilo rústico de suas pinturas artísticas coloridas feitas à mão.
Instrumentos indígenas ritualísticos
Elementos naturais estão em artesanatos indígenas que intermedeiam as visões do Xamã.
A existência de um espírito ou alma em tudo o que existe, de pedras à plantas, é uma das principais crenças xamanísticas. Ela está interligada ao conceito de que há bons e maus espíritos influenciando a saúde (desequilíbrios espirituais e físicos) e o fluir das coisas. Por isso, o poder presente na essência de cada elemento natural é extremamente importante para auxiliar o trabalho do xamã nos rituais de cura e purificação.
Acessórios artesanais como os filtros dos sonhos (dream catcher) com penas e tramas em forma de mandala, por exemplo, tem a finalidade de harmonizar o ambiente e prender a energia de espíritos maléficos em suas teias para não perturbarem os sonhos tornando-os em pesadelos.
O cocar, por sua vez, é símbolo de poder dentro da tribo indígena e utilizá-lo na decoração mística ancora a energia simbólica do xamã bem como das aves (penas), dos mamíferos (couro) e da etnia da tribo (trançados, miçangas, desenhos geométricos, etc.) que compõem uma estética exótica e única. O mesmo vale para instrumentos indígenas como arcos e flechas de madeira e para máscaras de índio artesanais que se tornam autênticas decorações de parede.
Animais de poder em madeira rústica
Animais de poder são corporificados em madeira para promover seus poderes sagrados.
Animais de poder não podem faltar na decoração que incorpora conceitos da cultura xamã como a Sioux, visto que a conexão com todos os seres, principalmente os animais, é essencial no xamanismo. Ao possuir um animal guardião pode absorver dele o poder espiritual, que na decoração é representado por artes figurativas como esculturas realistas em madeira rústica. Animais decorativos como cavalos, cobras, águias e corujas corporificam o poder sagrado de cada espécie revelando de forma original a essência de cada um.
Cavalos são corajosos e indômitos, e essa liberdade é substancial para promover desapego e destemor. Já as cobras são símbolos de cura, transmutação e elevação espiritual, sendo importantes para fomentar o equilíbrio do corpo, da mente e do espírito. Contudo, se o foco é voltado à busca pela visão sagrada e clareza mental a águia será o animal espiritual ideal. Ainda assim, se o mais importante for promover sabedoria, poderes psíquicos e habilidades ocultas para magia as corujas terão um papel primordial na sua decoração xamã.
Artigos têxteis com estilo étnico
Kilims apresentam padrões semelhantes aos najavo e imprimem a essência xamânica.
Os padrões geométricos característicos de mantas e tapetes coloridos com tramas de tília e junco tingidos e trançados artesanalmente para formar os artigos têxteis dos povos navajos são constantes inspirações para a tapeçaria étnica. A semelhança dos desenhos complexos, repletos de simbologias, e das tramas entrelaçadas à mão com os Kilims egípcios é outro fator que alarga as possibilidades de incorporar um toque boêmio com apelo étnico na decoração.
A diversidade cultural xamânica contribuiu para a incorporação de diferentes padrões nos artigos têxteis. É o caso de vertentes do norte Ásia, como a Mongólia, e do norte da América, como os Estados Unidos, que influenciaram as produções artísticas de todo o mundo, sobretudo da Índia e de Bali como evidenciam a passadeira com franjas e a capa de almofada estampada.
Essencialmente, as artes decorativas étnicas tornam os espaços mais calorosos e com propósitos mais elevados. Elas trazem a espiritualidade para o cotidiano e transformam a decoração de interiores com originalidade através de toda a excentricidade que elas exprimem. Em nossa loja online poderá encontrar peças exclusivas que não só enriquecerão seu lar, mas o tornarão um templo para elevar a sua consciência.
Namastê!
Milene Sousa - Arte & Sintonia