A arte de madeira entalhada feita por grupos étnicos do Sudeste Asiático tem seu lugar de destaque na decoração de interiores que visa a atemporalidade e o aconchego. E esse calor, que se afina com qualquer ambiente, é conquistado, sobretudo, ao deter uma estética antiga, herdada de suas tradições culturais ancestrais.
Essa abertura e demanda ocidental, por sua vez, fez com que o ofício (mais espiritual) do artesão, passado de geração a geração nas ilhas do Arquipélago Malaio, desse espaço às criações baseadas no conceito de “arte pela arte” - a exemplo das artes de Bali, Lombok e, em especial, Timor Leste. De modo a converter a riqueza da cultura imaterial em algo tangível para diferentes lugares do mundo.
E é nesse âmbito que a madeira entalhada, que dá materialidade a painéis, esculturas, máscaras e objetos utilitários, pode adentrar e dialogar com outros espaços e contextos, como o nosso próprio templo (lar), a fim de enriquecer a decoração de interiores de forma mais significativa.
A essência das artes de madeira em Timor
As artes de madeira natural se fazem presentes no Arquipélago Malaio como forma de conservação histórico-cultural. E embora mantenham as tradições ancestrais na essência, a produção artística dos diferentes grupos étnicos que dividem espaço entre suas ilhas, têm fortes influências de seus colonizadores. A exemplo de Timor Leste, na parte oriental de Timor, com a influência de portugueses, holandeses e indonésios, conduzindo o sentido da arte para a decoração de ambientes.
Nesse sentido, veio à tona a preocupação estilística, que aumentou a viabilidade comercial das peças e permitiu inseri-las nas culturas ocidentais de formas distintas. Ao passo que fomentou o comércio, tornou possível a geração de renda entre os grupos, devolvendo o protagonismo aos artistas locais.
Esse entendimento é de grande importância para não reduzir as artes de madeira timorenses da atualidade como primitivas ou puramente ritualísticas. Mas sim, vê-las enquanto uma linguagem de resistência e ferramenta de difusão da cultura ancestral que se vale de elementos das práticas espirituais antigas.
Entre as mais representativas, se encontra o animismo, a cosmovisão de que tudo possui alma, que antes motivava a criação das peças para celebrações ritualísticas. Por isso, não é de se surpreender que sejam esculturas figurativas e máscaras de madeira as artes que melhor expressam o simbolismo espiritual de Timor.
Aspectos das artes figurativas timorenses
Os artesãos de Timor Leste têm como especialidade a tessitura de artigos têxteis e a escultura entalhada. E enquanto fibras e madeiras expressam a força divina da natureza, os elementos que ornamentam as obras, por sua vez, as enriquecem com simbologias, tal qual a figura do ancestral.
Do mesmo modo que a crença no divino de tudo o existe, a ancestralidade toma um lugar de esperança para este território marcado por conflitos armados que atravessaram gerações. Portanto, isso faz com que essas raízes sejam, constantemente, um norte para a arte decorativa na contemporaneidade.
A natureza divina também se manifesta através de animais figurativos e padrões gráficos inspirados no entorno dos artesãos e onde se ambienta a história timorense. Assim, entre os grafismos mais comuns estão espirais e ondas, que remetem ao imenso mar que contorna a ilha e conecta Timor Leste a outros pontos do mundo.
As esculturas figurativas têm grande apelo estético rústico, modo o qual artistas locais encontraram de mostrar a beleza daquilo que resiste ao tempo. Do mesmo modo se valeram da representação de figuras ancestrais, de forma a transmitir o valor do culto aos antepassados nas artes de madeira.
A tradição da dança cerimonial em celebrações ritualísticas como, por exemplo, em conquistas bélicas ou homenagem a um familiar desencarnado, traz consigo o uso de máscaras - no intuito de animizar divindades e antepassados (dar-lhes vida). Essa, por sua vez, se converteu em mais uma das artes de madeira que representam os mitos de Timor Leste que guiam a cultura em geral.
Os entalhes das peças também são valorizados com a pintura pátina sobre a madeira natural. Eventualmente, elas imprimem um aspecto envelhecido, trazendo-o ao protagonismo para preservar o “antigo”, tal qual a ancestralidade, como o que é mais valioso e faz com que cada arte decorativa seja única.
O estilo rústico de Timor no home decor
Quando se refere às artes de madeira timorenses, criar uma decoração rústica vai além de inserir o calor da matéria-prima natural no ambiente. É aprender a perceber a obra de arte de Timor Leste como um caminho de expansão interior, que relaciona os valores culturais inerentes a ela àqueles que guiam a sua história. Logo, construir espaços com esse estilo vai além do que é visível, diz mais do valor que deseja envolver o seu templo pessoal, a sua casa.
No mesmo sentido, é de grande importância entender que incluir a arte timorense na decoração de interiores é também uma prática de responsabilidade social, uma vez que fomenta a produção artística dos artesãos locais. E, diante a tantos conflitos culturais, religiosos e movimentos separatistas em torno da independência do território, as obras se assumem enquanto símbolos de resistência cultural e servem como preservação histórica da ancestralidade de Timor Leste.
Como a decoração é também sobre a estética que se apresenta, é inevitável não considerar o aspecto desgastado, os tons quentes e as texturas entalhadas como elementos-chaves que convertem esse estilo de decoração em algo calorosamente habitável. Uma vez que eles acenam nos interiores um visual aconchegante, com um “quê” misterioso que rende boas conversas na recepção de visitas.
Não há como negar: Timor arts são ótimos pontos focais e imprimem interessância em qualquer ambiente. Em outras palavras, são típicos elementos decorativos que primeiro atraem o olhar de quem adentra os espaços. Tornam possível elevar a temperatura dos interiores sem pesar demais - detalhe alcançado especialmente por apresentarem a pintura pátina branca.
Está claro que o estilo rústico das artes decorativas de Timor Leste expõe a decoração à definição mais pura de sua natureza insular: materiais naturais e linhas orgânicas integradas a um visual despojado, característico de ambientes costeiros, que convidam ao desapego das estruturas mantidas pelo rústico do campo, para então tomar posse de um movimento que vem da água.
Assim, ondas entalhadas, esculturas de remos, embarcações, barbatanas, entre outros elementos, ressignificam o olhar para detalhes vívidos, de aparência recuperada dos antepassados, quase vintage, que mostram que a memória é inestimável para quem busca o tom de aconchego do rústico timorense.
1 comentário
Bom dia! Comprei 2 lustres e recebi somente um. Com quem posso conversar?
Gostaria de um retorno, por gentileza.
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